31 de maio - Dia de Santa Camila Batista da Varano

JACAREÍ, 10 DE JUNHO DE 2012 - MENSAGEM DE NOSSA SENHORA E SANTA CAMILLA COMUNICADAS AO VIDENTE MARCOS TADEU - SANTUÁRIO DAS APARIÇÕES DE JACAREÍ - SP-BRASIL


Marcos: “Sim minha querida Senhora eu farei. Compreendo essa necessidade.(pausa) Sim... Sim..."

MENSAGEM DE NOSSA SENHORA

"-Meus filhos amados, hoje novamente convido-vos ao AMOR DE DEUS, a voltardes vossos corações para Deus e a dardes a Ele a resposta definitiva dos vossos corações, o vosso sim ao chamado do amor que Ele fez, que Ele faz por meio de Mim a vós nesses tempos finais.

O Amor não se cansa de chamar-vos por meio de Mim. Jesus, o Amor, não se cansa de chamar-vos de volta ao Seu Sagrado Coração por meio de Mim. Por isso, hoje renovo o Meu apelo: respondei sim ao chamado do eterno amor, pois o tempo urge, os acontecimentos decisivos aproximam- se e agora é chegada a hora da vossa grande decisão e da vossa grande resposta ao Senhor.

O Meu Coração chama-vos a dar esta grande resposta agora que o Senhor ainda se deixa encontrar por vós e que ainda quer acolher e receber o vosso sim.

Respondei sim ao chamado do Amor, ao chamado do Senhor, voltando as vossas vidas completamente a Ele, procurando lançar fora do vosso coração, da vossa vida tudo aquilo que O desagrada, tudo aquilo que O desgosta, tudo aquilo que impede a ação de Seu Amor em vós, para que assim, se cumpra sempre mais na vossa vida e na vossa existência o Plano do Senhor, o Plano do Altíssimo.

Respondei sim ao chamado do eterno Amor, ao chamado do Senhor com generosidade, não para serdes apenas bons, bons filhos, bons católicos, mas para que sejais grandes santos, que vivam, que cumpram as virtudes da fé, da moral, as virtudes cristãs em grau heróico e assim possais dar ao mundo um grande e brilhante exemplo de santidade, de amor a Deus e também de dardes ao mundo um testemunho perene do quanto o amor de Deus é grande, é belo, maravilhoso, estimável além de tudo e o quanto servir ao Senhor é doce, é bom e salutar.

Respondei sim ao chamado do eterno Amor, ao chamado do Senhor que não se cansou ao longo desses dois mil anos, de provar continuamente ao mundo o seu grande amor por meio do Seu filho Jesus o Verbo Encarnado. Se já antes no Antigo Testamento Deus não se cansava de mostrar Sua ternura ao seu povo eleito, depois que o verbo se fez carne e veio ao mundo por meio de Mim, nenhum mortal, nenhuma criatura poderá jamais duvidar da grandeza do amor de Deus por si e em particular e pelo mundo todo em geral. 
E depois da Ascensão do Meu filho Jesus ao Céu e da Minha Assunção, Deus não cessou de continuar mostrando à humanidade quanto Ele a ama enviando-Me nas Minhas Aparições pelo mundo todo para mostrar aos homens e aos Meus filhos quanto os amo, quanto Nós queremos salvá-los a todos e o quanto temos preparado para todos aqueles que nos respondem sim uma vida santa aqui na Terra e depois uma vida feliz e gloriosa para sempre no Céu. 
Assim, Deus continua ainda hoje esperando o vosso sim, é a hora de dá-Lo, chegou o momento! Pois nesta hora grave que pesa sobre a humanidade em que as trevas do mal e do pecado envolvem tudo, é chegado o momento de fazer brilhar a luz do Senhor por meio do vosso sim para dissipar as trevas de todos os corações e assim fazer triunfar a graça da Santíssima Trindade e a Chama de Amor do Meu Coração Imaculado.

Eu conto convosco Meus filhos, pois vós que aqui nas Minhas Aparições de Jacareí já sois formados por Mim mesma diretamente há tanto tempo, não podeis mais protelar o vosso sim, deveis dá-Lo ao Senhor por meio de Mim hoje, de modo irrestrito, sem reservas e assim dar finalmente ao Senhor licença para agir na vossa vida, para mudar a vossa vida, transformar-vos, purificar-vos e santificar-vos e assim por meio de vós fazer Sua graça derramar-se sobre o mundo todo.

Eu a vossa Mãe vou ajudar-vos a dar sempre mais o vosso sim, de modo que ele seja semelhante ao Meu, profundo, perene, sem reservas, incondicional e assim, o Meu SIM com o vosso sim, o vosso sim com o Meu SIM, o Meu SIM no vosso sim e o vosso sim no Meu SIM darão finalmente à Santíssima Trindade toda a honra, toda a glória e a vitória do Senhor será patente nos corações e no mundo inteiro!

Continuai a rezar todas as ORAÇÕES que Eu vos dei Aqui, pois por meio delas é que vou sempre mais abrir vossos corações a uma grande e ilimitada capacidade de amar ao Senhor a Mim mesma e de assim dardes o vosso sim final, fiel e completo ao chamado do Senhor do eterno Amor.

A todos, hoje, abençoo generosamente de KERIZINEN, de LITMANOVA e de JACAREÍ. 

A Paz Meus filhos amados. A Paz Marcos o mais esforçado e dedicado dos Meus filhos.” 


MENSAGEM DE SANTA CAMILLA BATISTA DA VARANO

“-Marcos, amados irmão Meu, Eu sou CAMILLA serva do Senhor, serva da Mãe de Deus que vim com a Mãe do Senhor hoje dar-vos a Minha primeira Mensagem.

Amados irmão Meus, escutai o que vos digo da parte do Senhor juntamente com a Santíssima Virgem:

Fazei com que vossos corações sejam a cidade do Altíssimo, construí todos os dias nos vossos corações essa cidade, desde os fundamentos até as torres, procurando edificar para o Rei dos Reis e os Senhor dos Senhores digna morada em vós, pois digo-vos, apesar de Ele ser o Rei da humildade Ele é o Senhor da glória e não pode habitar em lugares impróprios à Sua santidade, muito menos em terras impuras que não foram preparadas, endireitadas e edificadas para receber a Ele, o Senhor e o Rei dos Anjos.

Começai a edificar essas cidades do Senhor em vossas almas pelos fundamentos, os alicerces dessa cidade deverão ser:

- a fé pura,

- a humildade,

- o desapego de vós mesmos,

- a renúncia da vossa vontade e do vosso eu desordenado.

De modo que então os alicerces sejam firmes, profundos, resistentes a todo o vendaval das tentações, a todas as correntezas das enchentes das provações e tribulações desta vida e assim a cidade do Senhor na vossa alma jamais caia em ruínas.
Depois começai a levantar as paredes que deverão ser feita de:

- desejo de amar ao Senhor sempre mais,

- de busca de conhecê-lo sempre melhor pela oração, pela leitura espiritual, pela meditação, pela aplicação em conhecer a santa fé católica.
De modo que as paredes se levantem todos os dias nas vossas almas sempre mais altas, sempre mais fortes e resistentes, sempre mais direitas e sempre mais se alçando a novas alturas, de modo que os inimigos da vossa salvação não possam transpô-las para invadir a cidade das vossas almas e assim causar dano e ruína a vós e por em risco a vossa salvação.
Depois deveis fazer as ruas desta cidade, as ruas da vossa cidade, da cidade da vossa alma:
- deverão ser direitas,
- deverão ser aplainadas para que o Rei dos Reis ao entrar por elas não encontre tortuosidade alguma.

Por isso deveis corrigir a vossa fé, deveis corrigir o vosso comportamento extirpando de dentro de vós tantos os exageros como as tibiezas, tanto os desequilíbrios, quanto a insensibilidade.
Deveis ter uma fé reta, equilibrada, ardente, profunda, viva, um desejo santo, um amor profundo e ardente, mas que não degenere em exagero pessoal. Deveis ter em vós também uma obediência perfeita a toda a prova ao Senhor, à Virgem Santa e também atendendo a voz daqueles que Ele colocou diante de vós para vos dirigir mais para dentro dos Seus Sagrados Corações.

NÃO SOIS OBRIGADOS A OBEDECER AS VOZES QUE DIZEM QUE DEVEIS DESOBEDECER AS MENSAGENS DA MÃE DE DEUS, QUE DEVEIS NEGAR AS MENSAGENS DA MÃE DE DEUS, POIS SE VÓS FIZÉSSEIS ISSO ESTARÍEIS ATENDENDO UMA ORDEM PECAMINOSA. MAS MEUS AMADOS IRMÃOS DEVEIS ATENDER A VOZ DAQUELES QUE VOS MANDAM SER SANTOS, SER PUROS, OBEDECER AS MENSAGENS DA MÃE DE DEUS, REZAR O ROSÁRIO, FAZER PENITÊNCIA COM EQUILÍBRIO, COM AMOR, COM SERENIDADE. PARA QUE ASSIM A VOSSA VIDA VERDADEIRAMENTE AGRADE AO SENHOR, SEJA UM HINO DE PERFEITO AMOR AO SENHOR E TODO O VOSSO SER BEM ORDENADO SE TRANSFORME NUMA JÓIA DE RARA BELEZA, QUE ATRAIRÁ OS CORAÇÕES DE TODOS OS QUE AINDA NÃO CONHECEM O SENHOR E A VIRGEM SANTA PARA ELES.

Eu, Camilla venho para ajudar-vos a construir dentro vós essas cidades santas para o Senhor, vou ajudar-vos até a construirdes as torres, sim torres altas e fortes, onde vós vigiareis noite e dia, quer contra as tentações, quer contra as sugestões do demônio, que contra as modas e todo o tipo de coisas mundanas que querem destruir a vossa santidade, a vossa pureza interior. De modo que a vossa cidade estará sempre limpa, estará sempre bem ordenada para que o Senhor dos Senhores, o Rei dos Reis entre e nela se compraza e então seja grande a festa, a alegria do Senhor convosco.

Também vos ajudarei a fazer dentro da cidade da vossa alma os mais belos jardins onde florescerão todas as flores de boas qualidades, de boas virtudes e boas obras, para que assim estas flores encantem os olhos do Rei e da Rainha do Céu e à mesa deles nunca faltem as flores mais mimosas do vosso amor, da vossa santidade, da vossa total e completa consagração de amor a Eles.

Aceitai a Minha ajuda, tomai a Minha Mãe e Eu vos conduzirei a esta grande santidade, vos transformarei em cidades Santas como Eu mesma fui para a maior glória de Deus, para a maior exaltação de Sua Mãe Santíssima e Triunfo da Santa Fé Católica.

Continuai a rezar todas as orações que Eles vos deram aqui, vivei também em completa, em total confiança de que os Corações Unidos de Jesus, Maria e José traçaram todo o plano de salvação do mundo até o Seu Triunfo e que vós só estais seguindo as pegadas fundas que Eles vos deixam ao longo do caminho, vós não estais caminhando a esmo sem rumo e direção, estais seguindo as pegadas que Eles vos deixam, desde que vós não saiais do seguimento de suas pegadas, jamais vos perdereis e chegareis seguramente na grande vitória que Eles preparam a todos aqueles que obedecem as Suas Mensagens e esperam Neles com amor.
Aqui nessa Escola de Santidade que Eles abriram nestas benditas APARIÇÕES DE JACAREÍ, vossas almas serão por Nós os Santos bem preparadas para receberdes o Senhor da Glória juntamente com Sua Mãe quando Eles em breve virão com grande poder para esmagar Satanás e todos os Seus inimigos conhecidos e ocultos e assim o mundo finalmente será libertado da tirania da serpente, do predomínio de Satanás e vós conhecereis uma nova era de paz e de felicidade sem igual.

A todos abençoo agora generosamente e deixo a Minha paz, especialmente a ti Marcos que embora tão abatido, lutaste, combateste bem o teu combate de hoje e chegaste vitorioso a mais um termo de Cenáculo.

A todos deixo Minha Paz.”

(pausa)

Marcos: “Até breve..."

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Santa Camila Batista da Varano

1458-1524 




Virgem religiosa da Segunda Ordem (1458-1524). Gregório XVI aprovou seu culto no dia 7 de abril e foi canonizada por Bento XVI no dia 17 de outubro de 2010.

Nasceu em Camerino a 9 de abril de 1458. Filha de Júlio César Varani, típica figura de um homem do renascimento, duque de Camerino, e de uma certa dama, Francisca de Mestro Giacomo de Malignis, antes das núpcias de seu pai com Giovana Malatesta, de Rímini (conhecida como beata Giovana ou Jane Malatesta).

Bem cedo Camila é levada ao Palácio dos Varani, família ilustre que desde a metade do século XIII dominava a cidade e o ducado de Camerino. É reconhecida como filha de Júlio César, e como tal, amada de modo particular. Também Giovana acolhe-a com maternal afeto: o relacionamento que as duas mantêm é uma das realidades mais belas da infância e da juventude de Camila. Entre os 8 e 9 anos foi imensamente atraída por uma pregação do franciscano Dominico de Leonessa (observante) sobre a Paixão de Jesus. Fez voto de meditar todas sextas-feiras os sofrimentos do Senhor e de verter ao menos uma “lagrimazinha”.

Depois de 1476, em contato com Frei Francisco de Urbino, começou a maturar sua vocação para a vida religiosa, diante da qual relutou muito. Depois de ter-se decidido, passa por sérias dificuldades e contrariedades vindas da parte dos parentes, de modo especial de seu pai, que não acolhem com bons olhos os planos de Camerino. Desejam para ela um casamento, que favoreça a política do ducado. Em 1481, ingressa finalmente no Mosteiro de Clarissas Urbanistas da cidade de Urbino. Tem então vinte e três anos. Ao receber o hábito religioso, recebe também o nome de Batista, tão corrente na época. Em 1482, faz sua profissão religiosa em circunstâncias para ela demais difíceis, tanto que ao escrever sua autobiografia, chama de “amarga profissão”.

Em 1483, redige “As Recordações de Jesus”, opúsculo com instruções e admoestações recebidas de Jesus enquanto ainda estava em Camerino no palácio paterno. O pai, Júlio César, e seus filhos, não suportando que Camila estivesse longe, constroem em Camerino um Mosteiro. A 4 de janeiro de 1484, Camila retorna a Camerino com oito irmãs para fundar uma comunidade clariana, não mais de Urbanistas, mas com a Regra própria de Santa Clara. No correr dos anos é eleita várias vezes abadessa.

É humilde, serviçal, atenta às necessidades de suas irmãs. Datam desses anos, fortes experiências místicas, visões de Jesus, da Virgem e de Santa Clara. Em 1488, Camila escreve “As dores mentais de Jesus na sua Paixão”. Em 1491, numa prolongada inspiração, redige “A vida Espiritual”, sua autobiografia, endereçada ao Beato Domênico de Leonessa, seu confessor. Seguem outras obras, entre as quais “Instruções ao Discípulo”, dirigidas ao padre Giovani de Fano, franciscano. Desde o ano de 1488 até 1490, passa por uma dolorosa crise espiritual. Sua autobiografia, redigida em fevereiro-março de 1491 data do final deste período. Em 1501, inicia-se uma nova crise: a familiar, que a envolve profundamente.

O Papa Alexandre VI excomunga o pai de Camila unicamente por motivos políticos. O exército de Valentino aprisiona seu pai e seus irmãos Aníbal, Venâncio e Pirro, que posteriormente são assassinados. Camila, para não ser envolvida nas turbulências militares, foge com outra clarissa, parenta dos Varani, para Fermo. Em seguida, a pé, segue para Atri, onde as acolhe em seu castelo a duquesa Isabela Picolimini Tedeschini. Do massacre ocorrido no ano de 1501, restou somente o irmão mais novo de Camila, João Maria e o sobrinho Sigismundo, filho de Venâncio, com sua própria mãe, por terem fugido com antecedência.

Após a morte do Papa Alexandre VI (que como cardeal levara uma vida devassa, tendo vários filhos com algumas damas romanas, sendo eleito papa por tramas políticas), o duque João Maria é reintegrado no Senhorio de Camerino pelo Papa Júlio II (1503). Então Camila e a companheira retornam também a Camerino. Daí seria obrigada a sair novamente para fundar um mosteiro de Clarissas em Fermo (1505), por ordem do Papa. Em 1511, morre-lhe a mãe adotiva, Giovana Malatesta, que lhe assinalou profundamente a existência.

Em 1521, empreende uma viagem a São Severino, nas Marcas, em busca de fundos para seu Mosteiro. Morreria em Camerino a 31 de maio de 1524, com grande dor de seu irmão João Maria e de toda a corte ducal, deixando uma preciosa herança de manuscritos, alguns em latim e na maioria em dialeto umbro. Suas obras tornaram-se famosas na literatura mística. As fundações de Camerino e de Fermo, realizadas com empenho da observância radical da Regra de Santa Clara, lhe deram também a fama de ter sido excelente reformadora da Ordem de Santa Clara. Foi beatificada por Gregório XVI em 1843 e canonizada pelo Papa Bento XVI a 17 de outubro de 2010 em Roma. Sua festa ocorre no dia 30 de maio.

Morreu com fama de santidade, em 31 de maio de 1524, nesse mosteiro. A cerimônia do funeral se desenvolveu no pátio interno do palácio paterno.

Segundo o Ministro Geral da Ordem dos Frades Menores, Frei José Rodríguez Carballo, ela foi uma luz para a família franciscana.

“Camila Batista manifesta-se como uma cristã capaz de viver com seriedade e intensidade a busca de Deus, radicando-se na experiência bíblica. Embora dotada de uma refinada e elevada formação cultural, o seu modo de ler a Escritura nunca assumiu o estilo de uma erudição árida. À luz da Palavra, relê o seu itinerário vocacional e toda a sua vida, servindo-se do modelo bíblico: os grandes acontecimentos da história da salvação estão na base da sua espiritualidade quase como profecias que se realizam.

Aproximando-nos de seus escritos, damo-nos conta de que a liturgia é o lugar privilegiado em que ela escuta a Palavra, alcançando aí a luz e a força para realizar as suas escolhas.

“Tu, Senhor, por graça nasceste na minha alma e me mostraste a via e a luz e lume da verdade para chegar a ti, verdadeiro paraíso. Nas trevas e escuridão do mundo, me deste a vista, o ouvir e o falar e o caminhar – pois que na verdade eu era cega, surda e muda – e me ressuscitaste em ti, verdadeira vida, que dás vida a cada coisa que tem vida”.

Camila Batista mostra-nos a via concreta para observar o santo Evangelho, para colocá-lo em prática e traduzi-lo na existência cotidiana. O voto de derramar a cada sexta-feira uma lágrima em memória da Paixão de Cristo, ao qual permanece tenazmente fiel mesmo imersa na vida da corte, testemunha-nos aquele envolvimento, aquela participação “física” e total ao mistério de Cristo que se torna relação viva e fecunda, segundo a mais genuína espiritualidade franciscana.

Na sociedade de hoje que favorece uma religiosidade intimista e frágil, reduzindo a fé a uma pulsão emotiva e desencarnada, Camila Batista sugere a toda a família franciscana uma via segura: viver o Evangelho com paixão e radicalidade e restituir “amor por amor, sangue por sangue, vida por vida”.

Somente assim poderemos ser uma presença significativa na Igreja e na história”.



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31 de maio - Dia de Santa Camilla Battista Varani, (nascimento: 9 de abril de 1428, morte: 31 de maio de 1524)

Santa Camilla Battista Varani, (nascimento: 9 de abril de 1428, morte: 31 de maio de 1524)

Frase de Santa Camila Varani:
"Minha glória chegará a uma terra ainda desconhecida"
Frase de Santa Camila Varani: 
“Pede a Deus esta admirável revelação:
Ele te desvele a ti mesmo, te faça conhecer quem és,
quanto podes, quanto sabes e quanto mereces.
Sem esta revelação, ninguém se tornará santo!”

Nascida em Camerino, Itália Ela prometeu derramar uma lágrima a cada meditação na sexta-feira na Paixão de Jesus Cristo. 
Ela sofreu muita dor física sobre a divisão na igreja (Reforma Protestante). 
Tinha um dom extraordinário de ver Anjos e Santos.
 Entrou para o mosteiro das Clarissas de Urbino Formou uma nova comunidade de Clarissas de San Severino Canonizado 17 de outubro de 2010 Festa dia 31 de maio

Virgem religiosa da Segunda Ordem (1458-1524). Gregório XVI aprovou seu culto no dia 7 de abril e foi canonizada por Bento XVI no dia 17 de outubro de 2010.
Nasceu em Camerino a 9 de abril de 1458. Filha de Júlio César Varani, típica figura de um homem do renascimento, duque de Camerino, e de uma certa dama, Francisca de Mestro Giacomo de Malignis, antes das núpcias de seu pai com Giovana Malatesta, de Rímini (conhecida como beata Giovana ou Jane Malatesta).
Bem cedo Camila é levada ao Palácio dos Varani, família ilustre que desde a metade do século XIII dominava a cidade e o ducado de Camerino. É reconhecida como filha de Júlio César, e como tal, amada de modo particular. Também Giovana acolhe-a com maternal afeto: o relacionamento que as duas mantêm é uma das realidades mais belas da infância e da juventude de Camila. Entre os 8 e 9 anos foi imensamente atraída por uma pregação do franciscano Dominico de Leonessa (observante) sobre a Paixão de Jesus. Fez voto de meditar todas sextas-feiras os sofrimentos do Senhor e de verter ao menos uma “lagrimazinha”.
Depois de 1476, em contato com Frei Francisco de Urbino, começou a maturar sua vocação para a vida religiosa, diante da qual relutou muito. Depois de ter-se decidido, passa por sérias dificuldades e contrariedades vindas da parte dos parentes, de modo especial de seu pai, que não acolhem com bons olhos os planos de Camerino. Desejam para ela um casamento, que favoreça a política do ducado. Em 1481, ingressa finalmente no Mosteiro de Clarissas Urbanistas da cidade de Urbino. Tem então vinte e três anos. Ao receber o hábito religioso, recebe também o nome de Batista, tão corrente na época. Em 1482, faz sua profissão religiosa em circunstâncias para ela demais difíceis, tanto que ao escrever sua autobiografia, chama de “amarga profissão”.
Em 1483, redige “As Recordações de Jesus”, opúsculo com instruções e admoestações recebidas de Jesus enquanto ainda estava em Camerino no palácio paterno. O pai, Júlio César, e seus filhos, não suportando que Camila estivesse longe, constroem em Camerino um Mosteiro. A 4 de janeiro de 1484, Camila retorna a Camerino com oito irmãs para fundar uma comunidade clariana, não mais de Urbanistas, mas com a Regra própria de Santa Clara. No correr dos anos é eleita várias vezes abadessa.
É humilde, serviçal, atenta às necessidades de suas irmãs. Datam desses anos, fortes experiências místicas, visões de Jesus, da Virgem e de Santa Clara. Em 1488, Camila escreve “As dores mentais de Jesus na sua Paixão”. Em 1491, numa prolongada inspiração, redige “A vida Espiritual”, sua autobiografia, endereçada ao Beato Domênico de Leonessa, seu confessor. Seguem outras obras, entre as quais “Instruções ao Discípulo”, dirigidas ao padre Giovani de Fano, franciscano. Desde o ano de 1488 até 1490, passa por uma dolorosa crise espiritual. Sua autobiografia, redigida em fevereiro-março de 1491 data do final deste período. Em 1501, inicia-se uma nova crise: a familiar, que a envolve profundamente.
O Papa Alexandre VI excomunga o pai de Camila unicamente por motivos políticos. O exército de Valentino aprisiona seu pai e seus irmãos Aníbal, Venâncio e Pirro, que posteriormente são assassinados. Camila, para não ser envolvida nas turbulências militares, foge com outra clarissa, parenta dos Varani, para Fermo. Em seguida, a pé, segue para Atri, onde as acolhe em seu castelo a duquesa Isabela Picolimini Tedeschini. Do massacre ocorrido no ano de 1501, restou somente o irmão mais novo de Camila, João Maria e o sobrinho Sigismundo, filho de Venâncio, com sua própria mãe, por terem fugido com antecedência.
Após a morte do Papa Alexandre VI (que como cardeal levara uma vida devassa, tendo vários filhos com algumas damas romanas, sendo eleito papa por tramas políticas), o duque João Maria é reintegrado no Senhorio de Camerino pelo Papa Júlio II (1503). Então Camila e a companheira retornam também a Camerino. Daí seria obrigada a sair novamente para fundar um mosteiro de Clarissas em Fermo (1505), por ordem do Papa. Em 1511, morre-lhe a mãe adotiva, Giovana Malatesta, que lhe assinalou profundamente a existência.
icona a mezzo busto di Camilla da Varano
Em 1521, empreende uma viagem a São Severino, nas Marcas, em busca de fundos para seu Mosteiro. Morreria em Camerino a 31 de maio de 1524, com grande dor de seu irmão João Maria e de toda a corte ducal, deixando uma preciosa herança de manuscritos, alguns em latim e na maioria em dialeto umbro. Suas obras tornaram-se famosas na literatura mística. As fundações de Camerino e de Fermo, realizadas com empenho da observância radical da Regra de Santa Clara, lhe deram também a fama de ter sido excelente reformadora da Ordem de Santa Clara. Foi beatificada por Gregório XVI em 1843 e canonizada pelo Papa Bento XVI a 17 de outubro de 2010 em Roma. Sua festa ocorre no dia 30 de maio.
Morreu com fama de santidade, em 31 de maio de 1524, nesse mosteiro. A cerimônia do funeral se desenvolveu no pátio interno do palácio paterno.
Segundo o Ministro Geral da Ordem dos Frades Menores, Frei José Rodríguez Carballo, ela foi uma luz para a família franciscana.
“Camila Batista manifesta-se como uma cristã capaz de viver com seriedade e intensidade a busca de Deus, radicando-se na experiência bíblica. Embora dotada de uma refinada e elevada formação cultural, o seu modo de ler a Escritura nunca assumiu o estilo de uma erudição árida. À luz da Palavra, relê o seu itinerário vocacional e toda a sua vida, servindo-se do modelo bíblico: os grandes acontecimentos da história da salvação estão na base da sua espiritualidade quase como profecias que se realizam.
Aproximando-nos de seus escritos, damo-nos conta de que a liturgia é o lugar privilegiado em que ela escuta a Palavra, alcançando aí a luz e a força para realizar as suas escolhas.
“Tu, Senhor, por graça nasceste na minha alma e me mostraste a via e a luz e lume da verdade para chegar a ti, verdadeiro paraíso. Nas trevas e escuridão do mundo, me deste a vista, o ouvir e o falar e o caminhar – pois que na verdade eu era cega, surda e muda – e me ressuscitaste em ti, verdadeira vida, que dás vida a cada coisa que tem vida”.
Camila Batista mostra-nos a via concreta para observar o santo Evangelho, para colocá-lo em prática e traduzi-lo na existência cotidiana. O voto de derramar a cada sexta-feira uma lágrima em memória da Paixão de Cristo, ao qual permanece tenazmente fiel mesmo imersa na vida da corte, testemunha-nos aquele envolvimento, aquela participação “física” e total ao mistério de Cristo que se torna relação viva e fecunda, segundo a mais genuína espiritualidade franciscana.
Na sociedade de hoje que favorece uma religiosidade intimista e frágil, reduzindo a fé a uma pulsão emotiva e desencarnada, Camila Batista sugere a toda a família franciscana uma via segura: viver o Evangelho com paixão e radicalidade e restituir “amor por amor, sangue por sangue, vida por vida”.
Somente assim poderemos ser uma presença significativa na Igreja e na história”.

31/05 - O príncipe Júlio César de Varano, senhor do ducado de Camerino, era um fidalgo guerreiro e alegre, muito generoso com o povo e sedutor com as damas. Tinha cinco filhos antes de se casar, aos vinte anos, com Joana, filha do duque de Rimini, que completara doze anos de idade. Tiveram três filhos. Criou todos juntos no seu palácio de Camerino, sem distinção entre os legítimos e os naturais.

Camila era sua filha primogénita, fruto de uma aventura amorosa com uma nobre dama da corte. Nasceu em 9 de abril de 1458. Cresceu bela, inteligente, caridosa e piedosa. Tinha uma personalidade sedutora e divertida, apreciava dançar e cantar. Tinha herdado o temperamento do pai, motivo de orgulho para ele, que a amava muito.

Ainda criança, depois de ouvir uma pregação sobre a Paixão de Jesus Cristo, fez um voto particular: derramar pelo menos uma lágrima todas as sextas-feiras, recordando todos os sofrimentos do Senhor. Porém tinha dificuldade para conciliar o voto à vida divertida que levava, quando não conseguia vertê-la sentia-se mal toda a semana. Mas esse exercício constante, a leitura sobre mística e o estudo da religião, amadureceram a espiritualidade de Camila, que durante as orações das sextas-feiras ficava tão comovida que chorava muito.

Aos dezoito anos, já sentia o chamado para a vida religiosa, mas continuava atraída pela vida e os divertimentos da corte. Quando conseguiu afastar todas as tentações, pediu a seu pai para ingressar num convento. Ele foi categórico e não permitiu. Camila ficou sete meses doente por causa disso. Seu pai fez de tudo, mas ela não desistiu. Após dois anos, acabou consentindo. Assim, aos vinte e três anos, em 1481, ingressou no mosteiro das clarissas, em Urbino, tomando o nome de irmã Baptista e vestindo o hábito da Ordem.

O príncipe, entretanto, queria a filha próxima de si. Por isso comprou um convento da região e entregou aos franciscanos, para que o transformassem num mosteiro de clarissas. O primeiro núcleo saiu de Urbino, trazendo nove religiosas, entre as quais irmã Camila Baptista, como a chamavam, que se tornou a abadessa do novo mosteiro de Camerino.

Os anos que se sucederam foram de grandes experiências místicas para Camila Baptista, sempre centradas na Paixão e Morte de Jesus Cristo. Escreveu o famoso livro "As dores mentais de Jesus na sua Paixão", que se tornou um guia de meditação para grandes santos. Depois ela própria se tornou uma referência para as autoridades civis e religiosas que procuravam seus conselhos.

Morreu com fama de santidade, em 31 de maio de 1524, nesse mosteiro. A cerimónia do funeral se desenvolveu no pátio interno do palácio paterno. Foi declarada beata Camila Baptista de Varano pela Igreja, para ser celebrada no dia de sua morte.
Corpo Incorrupto  


As Dores Mentais de Jesus em sua Paixão



Aos cuidados das Clarissas de Camerino

no V centenário de fundação do mosteiro.
Janeiro de 1984

Tradução e digitação:
Irmã Sandra Maria, osc
Irmã Maria Renata, osc
Mosteiro Nazaré - Lages - SC

Do original italiano:
Camilla Battista Varani Da Varano
I DOLORI MENTALI DI GESÙ NELLA SUA PASSIONE
I RICORDI DI GESÙ
Editrice Àncora Milano 1985


RESUMO BIOGRÁFICO

A REDESCOBERTA DE UMA MÍSTICA

Para celebrar o V centenário de fundação de seu mosteiro, as Clarissas de Camerino imprimiram a autobiografia de Santa Camila Batista, fundadora do mosteiro, depois de traduzi-la para o vernáculo.

Parece uma redescoberta desta mulher, em cujos acontecimentos humanos se espe-lham situações comuns entre as jovens e cuja fidelidade aos empenhos é modelo para todos. Da autobiografia retiramos este perfil.

UMA PRINCESA CAPRICHOSA

A filha de um príncipe do renascimento italiano, o duque de Camerino, Júlio César de Varano, não poderia ter outro nome que não fosse clássico: Camila, como a heroína romana.

Nasceu no dia 9 de abril de 1458. Da natureza herdou a inteligência brilhante, do pai provavelmente herdou uma vontade decidida, a corte deu-lhe uma educação conforme a sua condição e o seu tempo.

O resultado, descreve-o ela mesma: “Exceto o breve espaço que dava à oração, todo o resto do tempo passava-o a tocar, cantar, dançar, passear, em vaidades e outras coisas juvenis e mundanas” .

Não nos deixemos enganar pelo “breve espaço” concedido à oração numa corte renascentista era programada também a oração, como ato de família, especialmente por parte das mulheres e das servas.

Realisticamente, a vida de uma corte era festiva ou guerreira, salvo o caráter místico e os programas humanísticos ou artísticos dos senhores. Por isso, as atitudes de Camila eram voltadas às coisas do mundo, como confessa: “Causavam-me tanto tédio as coisas religiosas, os freis e as irmãs, que me desgostava até mesmo em ver; ridicularizava quem lia livros espirituais e colocava todo meu empenho em honrar-me e ler coisas mundanas”.

Mas como todo jovem é atraído por uma cerimônia religiosa com seus aspectos exte-riores, assim Camila, com seus 8 ou 10 anos, participou, numa Sexta-feira Santa, da pregação da Paixão, permanecendo presa, “como pessoa que ouve narrar coisas que nunca ouviu de ninguém”. A exortação final do pregador, que sintetizava em si mesmo o santo e o orador, o Bem-aventurado Domênico de Leonessa, fica impressa na alma da menina: recordar-se da Paixão do Senhor ao menos na sexta-feira e “derramar por ela uma lagrimazinha apenas”.

Poucos anos depois, aquela exortação impulsiona a adolescente Camila a “fazer voto a Deus de derramar cada sexta-feira ao menos uma lágrima por amor à Paixão de Cris-to”. Para um caráter manso e religioso podia ser simples, mas para uma jovem que “sen-tia nojo em ler coisas devotas e nem podia agüentar escutá-las”, “era muito difícil espre-mer aquela bendita lágrima”, tanto que não esperava pela segunda, porque “era rápida em levantar-se e fugir”. Somente a força de vontade e um certo orgulho a mantinham firme no propósito.

Casualmente — mas o que acontece por acaso? — encontrou um livro com uma espécie de meditação sobre a Paixão, subdividida em quinze partes que terminavam com a recitação de uma Ave Maria. Procurou utilizá-lo, lendo-o “todo de joelhos em frente ao Crucifixo, muito devotadamente, cada sexta-feira”. Assim o voto começou a lhe dar satisfação, o número de lágrimas aumentava e seguidamente caíam diante de qualquer um, “fazendo com que as pessoas da casa suspeitassem que chorasse ora por uma loucura mundana, ora por outra”.

À meditação, acrescenta o jejum a pão e água, estendendo-o às festas do Senhor e de Maria. Somente as intenções permaneciam a nível humano: tudo isto fazia não somente para ter prêmio no Céu, mas muito mais na terra.

Não nos maravilhemos disto: quem nunca procurou, com orações e mortificações, curvar o Onipotente aos próprios desejos? E uma princesinha, aparentada — mesmo que indiretamente — com os Estensi de Ferrara, os Malatesta de Rímini, os Sforza de Milão, tinha projetos concretos sobre si mesma.

QUANDO DEUS QUER TUDO

 Poderia haver também o “medo do inferno” na fidelidade ao voto, mas a participação nas penas de Jesus se tornava cada vez mais intensa e profunda; a sexta-feira era dia de empenho para a meditação, de jejum e agora também de flagelos físicos, mas sobretudo “para evitar alguns de meus defeitos”, escreve Camila.



Com tais pressupostos, Deus não pôde senão encontrar espaço em um coração.



A jovem começou a perceber certas vozes que a convidavam a inverter a própria vida e a deixar o mundo. A reação foi negativa: “Todo o meu ser experimentava contrariedade e repugnância pela vida religiosa e as alegrias e os prazeres do mundo me atraíam fortemente”. Camila ainda não estava pronta.

Deus se aproveita de circunstâncias comuns para fazer chegar as mensagens à alma; as intervenções extraordinárias são a última instância.

Para Camila, foi uma outra pregação. Era o dia da Anunciação e desta vez o pregador sustentava que uma faísca do amor provado pela Virgem naquela circunstância era superior à soma dos amores de todo o mundo. O ânimo de Camila não era feito para coisas medíocres. Assim, eis um outro voto: “Conservar imaculados todos os sentimentos”, mas, como uma pequena política, coloca uma condição: experimentar “uma faísca daquele amor” experimentado por Maria no anúncio do anjo Gabriel.

Parecia um jogo, mas era um ir sempre mais de encontro ao infinito amor daquele Cristo que havia dado a si mesmo também por Camila e que parecia condescendente ao jogo.

As vozes se faziam mais claras e a luta repercutia também exteriormente; ir à oração “parecia ir à guerra” e Camila “algumas vezes tapava as orelhas com as mãos para não ouvir”. Numa memorável confissão, ouve explicitamente perguntar se queria fazer-se irmã: responde com um não decidido!

Chega finalmente o dia fatídico. Uma sexta-feira, o dia dos grandes empenhos, a ba-talha se fez mais áspera. No fim, “espontaneamente” a sua vontade, que sempre perma-nece forte e vigorosa “decide “servir a Deus com imenso afeto e coragem”. Imediatamen-te sucederam-se duas coisas: o Senhor lhe inspirou onde realizar a decisão e lhe concedeu “um sumo repouso... uma grande paz”.

Agora não havia mais resistências. Deus podia efundir-se num “dilúvio” de miseri-córdia, como se quase não “pudesse saciar-se de ter apertada em seus santíssimos braços a sua alma pecadora”, constrangida a pedir-lhe que afrouxasse um pouco aquele abraço amoroso.

Iniciavam assim na alma da jovem princesa aquelas iluminações e experiências místicas que comunicará aos outros.

No entanto, chegou a provação, sem a qual nada se fortifica. Por dois anos e meio o pai se opõe aos desejos da filha e neste tempo uma doença deixa a jovem acamada por sete meses. Agora, porém, Camila era muito ligada a Cristo Jesus, ao qual já chegou a pedir para sofrer sem consolação. Estava aprendendo que “quem quer servir somente a Deus deve ser despojado e livre de tudo e de todos”.

SERVA DE DEUS E MÃE DAS ALMAS

Mas também os sonhos se realizam. No dia 14 de novembro de 1481, a filha do duque de Camerino voltava as costas ao mundo e atravessava a soleira da casa de Deus, em Urbino; despojava-se dos vestidos suntuosos para vestir o grosseiro hábito de Santa Clara, deixando o poético nome de Camila para assumir o de Irmã Batista, que exprimia bem o novo ideal: “Ele deve crescer, eu devo diminuir” (Jo 3,30).

Permaneceu somente dois anos em Urbino, naquela corte de Senhoras Pobres, onde encontrou “os dulcíssimos cantos das orações arrebatadas, a beleza dos bons exemplos, os secretos tesouros das graças divinas e dos dons do céu”.

Durante o noviciado colocou por escrito as exortações recebidas de Cristo depois da decisão de consagrar-se a Ele, intitulando-as As recordações de Jesus. Logo em seguida a obediência chamou-a para fundar uma nova comunidade.

Seu pai, não podendo ter distante uma tal filha, adaptou o Mosteiro dos Olivetanos em Camerino, onde Camila Batista entrou com oito co-irmãs no dia 4 de janeiro de 1484, com vinte e cinco anos de idade e poucos meses de profissão religiosa. Jesus, que a queria sua esposa, agora a conduzia a ser mãe e mestra. Tem início, assim, a atividade de Camila Batista como escritora, em favor das filhas e de outras almas fora do claustro.

É de 1488 a obra mais conhecida: As dores mentais de Jesus na sua Paixão, da qual “lhe foram ditadas duas páginas” pelo próprio Jesus.

A fonte de seus primeiros passos na oração e na vida contemplativa era colocada a serviço dos outros. Camila, que comparará a algumas gotas de bálsamo que escorrem do vaso, a meditação das dores físicas de Jesus, em relação àquela das dores mentais do coração do Redentor, faz extravasar externamente aqueles sentimentos tristes e consola-dores dos quais estava cheio o seu coração.

Outras experiências místicas e exortações serão escritas sucessivamente: as Instru-ções ao Discípulo, o Tratado da pureza do Coração, a carta A uma Irmã Vigária, e outros.

Camila Batista não é ciumenta nem avara: sabe que tudo recebeu da misericórdia de Deus, conhece que Ele a chamou a servir aos outros, por isso obedece às inspirações interiores e às ordens de seus superiores.

A sua vida é de exortações: para as co-irmãs, que com ela conviviam e depois, para todos os que tiveram a fortuna de ler a Autobiografia, escrita em 1491 e endereçada àquele pregador que havia causado “aquela bendita lágrima” à pequena princesa que Clara de Assis provavelmente chamaria de “rainha”, como fez com Inês da Boêmia. Pois aquela “gloriosa mãe e guia” foi enviada por Deus para visitar Irmã Batista, como que para encorajá-la nos empenhos materiais e sustentá-la nas dificuldades espirituais.

Dois momentos particulares no-la apresentam ainda mestra e modelo: após tantas consolações intelectuais e sensíveis, Irmã Batista passa por um longo período de silêncio espiritual; parecia-lhe tatear na escuridão após tanta luz, como se houvesse obtido aquilo que havia pedido: “entrar no mar amaríssimo das penas mentais do coração de Jesus e ali mergulhar”. Foram anos de crescimento, pois a noite dos sentidos faz aumentar nos místicos a sede de Deus.

As páginas da Autobiografia gritam para o Esposo, que parece havê-la abandonado, e pede ajuda a confessores. Tal atitude de busca, de invocação, de confiante esperança torna-se ensinamento e encorajamento para os leitores.

Em 1501, precisou afastar-se do Mosteiro de Camerino com uma irmã, sua parenta, porque o duque Valentino assediava a cidade. Rejeitada pelos senhores de Fermo, pois a amizade com os Varani constituía um perigo, refugiou-se em Atri, onde foi atingida por dolorosas notícias: a trágica morte do pai e dos irmãos, estrangulados por ordem de Cé-sar Bórgia nas fortalezas de Pérgola e Católica. Mais tarde, beberia até o fim o cálice do sofrimento, assistindo impotente as lutas fratricidas pelo predomínio de poder sobre a cidade.
Único refúgio e conforto seguro nestes momentos foi, para ela, o coração de Jesus, no qual tantos anos antes lera a declaração de amor: “Eu te amo, Camila”.

O Papa Júlio II enviou-a para Fermo em 1505, a fim de fundar um outro Mosteiro de Clarissas.

A morte de Camila — 30 de maio de 1524 — é envolvida no silêncio e na solidão. Mas as “potentíssimas mãos” de Jesus, que noutras vezes eram-lhe apresentadas “firme-mente amarradas... (pelas) orações que irmãs e freis elevavam a Deus por ela a fim de que não morresse” acolheram-na finalmente num abraço de “ardor fervente e inflama-do”, pois com Cristo “a morte não é mais morte, mas um encaminhar-se às núpcias, com cantos e danças”.



Oração a Santa Camila Varani


Trindade Santa, concedeste a Camila Batista viver como verdadeira filha do Pai,

aderir ao Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo e deixar-se plasmar pelo fogo

do Espírito Santo.

Dá-me a graça de imitar o seu exemplo e fazer também da minha vida

um reflexo de tua beleza e de tua santidade. Amém.